Prevenção da peritonite bacteriana
espontânea
A peritonite bacteriana
espontânea (PBE) é a infecção do líquido ascítico, previamente estéril, na
ausência de um foco evidente de infecção intra-abdominal. Cerca de 10-30% dos
pacientes com ascite admitidos no hospital apresentam PBE (1).
A maioria das bactérias
causadoras da PBE são provenientes do trato gastrointestinal, sendo infrequente
bactérias extra intestinais. Acredita-se que a PBE se desenvolva após um
episódio de bacteremia, durante a qual o líquido ascítico se torna infectado devido
a constante troca de fluidos entre o espaço peritoneal e intravascular. Quatro
fatores são preponderantes na patogênese da PBE: crescimento excessivo de
bactérias do intestino delgado, aumento da permeabilidade intestinal, translocação bacteriana e imunossupressão (1).
Uma dúvida frequente em
nossa rotina é quando está indicado a prevenção de PBE, dado a frequência de
pacientes cirróticos na UTI. A antibioticoprofilaxia reduz o risco de infecção
bacteriana e mortalidade nos pacientes com alto risco de desenvolvimento de PBE.
Três grupos são considerados de risco: aqueles com sangramento
gastrointestinal, os com episódio prévio de PBE e os com baixa atividade opsônica
do líquido ascítico (1, 2).
Indicações de profilaxia de PBE (1, 2, 3, 4):
·
Pacientes com cirrose e sangramento
gastrointestinal.
·
Pacientes que tiveram um ou mais episódios
de PBE.
·
Considerar em pacientes com nível de proteínas
do líquido ascítico ≤ 1,5 g/dL e mais um dos seguintes critérios: insuficiência
hepática grave definida como escore de Child-Pugh ≥ 9 e bilirrubina sérica ≥
3mg/dl; ou disfunção renal definida como creatinina sérica ≥ 1,2mg/dl, uréia
> 55 mg/dL ou sódio sérico ≤ 130mEq/l.
O uso de norfloxacin como
profilaxia secundária está bem estabelecida na literatura, entretanto muitos pacientes
na UTI já estão em uso de antibióticos que proporcionam cobertura adequada contra
os potenciais agentes causadores de PBE. Naqueles que não podem usar o trato
digestivo, como nos casos de hemorragia digestiva, pode ser usado ceftriaxone
intravenoso (2).
Referências:
3- UpToDate, acessado
em 01/02/15 (http://www.uptodate.com/contents/spontaneous-bacterial-peritonitis-in-adults-treatment-and-prophylaxis?source=see_link).4- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22147550
Excelente post! Problema que frequentemente nos deparamos. A duvida fica para os paciente cirróticos com histórico de internação recente e uso de antibiótico recente. Estes pacientes podem estar colonizados por bacterias multiresistentes. Outra duvida que me ocorreu: jejum e nutrição parenteral são fatores de risco para PBE?
ResponderExcluirMais uma vez, parabens pelo post!
Comentário pertinente. Acredito que outros antibióticos possam ser considerados em pacientes hospitalizados, conforme perfil local. Vale lembrar que têm sido reportadas taxas crescentes de insucesso no tratamento de PBE nosocomial com cefalosporinas e quinolonas. Quanto ao jejum e NPT, não sei dizer se há algum estudo em que isso foi avaliado como fator de risco para PBE.
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