17. Pacientes com fratura de pelve em livro
aberto, com quadro de choque hemorrágico, devem ter fixação
imediata da fratura, pois o sangramento nesta condição é muito significativo e
a grande maioria dos pacientes acaba evoluindo para óbito.
18. É
recomendada a cirurgia de damage control em pacientes instáveis, com sangramento difuso e incontrolável, associado à coagulopatia, acidose e hipotermia.
Posteriormente, após estabilização clínica realizar cirurgia para definição da
condição de base que motivou a internação.
19. O
guideline recomenda o uso de hemocomponentes de forma empírica, em pacientes
que acabaram de chegar ao hospital com hemorragia maciça, no intervalo entre a
chegada e a realização dos exames para avaliação de coagulopatia. É preconizada a transfusão
sempre na mesma razão:
a. 01 unidade de plasma fresco congelado: 02 unidades de concentrados de hemácias
Esta razão é determinada por trabalhos que demonstram
melhores resultado de sobrevida em protocolos de sangramento com reposição de
plaquetas, plasma e concentrado de hemácias na proporção 1:1:1. Contudo, como a
presença de plaquetas em hospital costuma ser limita, esta razão acabou sendo
adotada. Vale lembrar que este item não é consenso entre os
especialistas.
20. O ideal é realizar as transfusões guiadas por
metas de exames laboratoriais, conforme as orientações abaixo:
a. Realizar plasma fresco congelado para manter TP e TTPA < 1,5x os tempos de
normalidade. Evitar plasma em situações de sangramentos pequenos, mesmo que
exista alteração do coagulograma, já que altos volumes de plasma
podem gerar hipervolemia e transfusion-related acute lung injury (TRALI).
b. Realizar
transfusão de criopreciptado se o sangramento for significativo e o valor de
fibrinogênio sérico estiver abaixo de 1.5 – 2.0 g/L (150-200mg/dl). Em caso de hospitais que apresentem
fibrinogênio concentrado, realizar 3 – 4 g deste componente.
c. Realizar
transfusão de plaquetas para manter nível sérico acima de 50.000/mm3. Em caso de
sangramento ativo, manter valor sérico acima de 100.000/mm3. A dose inicial
sugerida é de 04 – 08 unidades de plaquetas ou 01 aférese.
22. Realizar
transfusão de plaquetas em pacientes que receberam antiagregantes plaquetários
e apresentam sangramento volumoso ou intracraniano.
23. Desmopressina
(DDAVP) não esta indicada em pacientes politraumatizados de forma rotineira.
Considere usar DDVAP na dose de 0,3 mcg/Kg em pacientes com doença de Von
Willebrand ou em uso de antiagregantes plaquetários.
24. Administrar complexo protrombínico nos pacientes com sangramento secundário ao uso de
anticoagulantes dependentes de vitamina K. A própria vitamina K, pode ser administrada em via venosa, em pacientes que fizeram uso de Marevan.
25. Além disso, considerar administrar complexo
protrombínico nos pacientes em uso dos novos anticoagulantes orais. A dose deve
ser direcionada pelo tromboelastograma.
26. É
sugerida a mensuração dos níveis séricos das drogas anti-fator Xa –
rivaroxabana, apixabana, edoxabana – em pacientes com sangramento ativo que fazem uso da
medicação ou com suspeita do uso. Se a dosagem não for possível,
considerar a avaliação de um hematologista para ajudar a conduzir o caso.
27. Caso não seja possível dosar o nível sérico dos anticoagulantes acima e o sangramento for
ameaçador a vida, o consenso sugere realizar infusão de 15 mg/Kg de ácido
tranexâmico e altas doses de complexo protrombínico (25 – 50 UI/Kg), até
que um antidoto não seja desenvolvido.
28. É
sugerida a mensuração nos níveis séricos de dabigatrana em pacientes com sangramento ativo que fazem uso da medicação ou com suspeita de uso.
29. Caso não seja possível dosar o nível sérico do dabigatrana e o sangramento for
ameaçador a vida, o consenso sugere realizar infusão de 15 mg/Kg de ácido
tranexâmico e altas doses de complexo protrombínico (25 – 50 UI/Kg), até
que um antidoto não seja desenvolvido.
30. Recomendação
do início de heparina para prevenção de trombose venosa profunda (TVP) após 24 horas do controle
de sangramento. Considere o uso de profilaxia de TVP com compressor pneumático
intermitente de forma precoce, quando ainda não for possível iniciar a profilaxia farmacológica.
Aos que têm interesse de saber o racional por trás dos 30 item citados ao longo destas duas postagens, sugiro a leitura completa do guideline.
Para acessar a Parte 1 das recomendações clique aqui.
Boa leitura.
Para acessar a Parte 1 das recomendações clique aqui.
Boa leitura.
Referência
- Rossaint R, Bouillon B, Cerny V et al. The European guideline on management of major bleeding and coagulopathy following trauma: fourth edition. Crit Care. 2016 Apr 12;20(1):100.
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