Voltando a luz!
Pacientes graves internados em unidades de terapia intensiva frequentemente são acometidos por problemas que modificam suas vidas, e de seus familiares, em vários aspectos após a alta. Este fato é cada vez mais conhecido e discutido, especialmente entre pacientes que internam com algumas patologias como a sepse, ou a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo, ou que requerem assistência ventilatória mecânica invasiva. Esta gama de problemas enfrentados por estes pacientes após a alta da UTI foi reunida sob a denominação: Post-intensive Care Syndrome (PICS)... (1,2)
Os pacientes acometidos por patologias graves habitualmente têm tanto pior funcionalidade do que a população em geral quanto estavam, antes da internação, em trajetória de declínio mais rápido desta patologia que motivou a internação. Ainda assim, pacientes com ou sem comorbidades prévias podem cursar com novos problemas que persistem após a alta.
Alguns destes problemas relacionados a PICS são consequência da patologia que motivou a internação e outros, efeitos adversos de tratamentos necessários na resolução do quadro agudo, como sedação, bloqueadores neuromusculares, medicações nefrotóxicas, ventilação mecânica, corticóides entre outros.
Hoje reconhecemos que as características desta Síndrome podem ser classificadas em 3 domínios principais de apresentação: problemas físicos, cognitivos e de saúde mental.
Entre os problemas físicos, a fraqueza muscular adquirida na UTI é um dos mais frequentes e debilitantes. Esta fraqueza, que pode ser consequência de alterações musculares e neurológicas, é denominada genericamente de polineuropatia do paciente crítico. Esta fraqueza pode levar a problemas como aumento do número de quedas, aumento o tempo de no leito e favorece o desenvolvimento de úlceras por pressão. Muito além disto, a limitação de atividades da vida diária e dependência de outras pessoas, resultante da redução de força, pode ter impacto em maior incidência de problemas relacionados a saúde mental, como depressão. Outras alterações fisicas frequentes são: dispneia (mesmo com provas de função pulmonar normal), baixa tolerância a exercício, insuficiência renal (com necessidade de terapia de substituição renal), estenose subglótica, caquexia, redução da acuidade auditiva e visual.
Disfunção cognitiva também é uma característica que pode surgir após a internação em UTI. Podem ocorrer desde dificuldade mais leves e em campos específicos (com na função executiva), a problemas cognitivos mais graves. A ocorrência de delirium tem sido relacionada a alterações da cognição após a alta da UTI.
Em outro campo, problemas como depressão, síndrome de estresse pós-traumático e ansiedade são comuns entre pacientes que estiveram internados em UTI. Ainda que não existam estudos definitivos sobre o tema e que alguns pacientes apenas progridam estes problemas após a internação na UTI, estas alterações são com frequencia diagnosticadas neste grupo de pacientes.
É interessante perceber que propositalmente o nome da Síndrome é Post-intensive Care Syndrome e não Post-intensive Illness Syndrome, o que reflete que sua gênese pode estar relacionada também ao tratamento intensivo. Ainda assim, estudo com pacientes após a internação em UTI relata que em cinco anos, todos os pacientes afirmaram que estariam dispostos a ser tratados em uma UTI novamente caso voltassem a necessitar e 80% destes estavam muito satisfeitos ou quase satisfeitos com sua qualidade de vida atual.
Três estratégias podem ser utilizadas para enfrentar a PICS: prevenção, tratamento/reparação de problemas e triagem. Ainda existem poucas terapias especificas validadas para o tratamento desta síndrome, entretanto, há razão para acreditarmos que novas técnicas e tecnologias no tratamento e reabilitação destes pacientes serão capazes de melhorar sua qualidade de vida. Em outro post podemos aprofundar este assunto.
Referências
Este post foi baseado no capitulo: What Problems Are Prevalent Among Survivors of Critical Illness and Which of Those Are Consequences of Critical Illness? escrito por Theodore J. Iwashyna. publicado no livro Evidence-Based Practice of Critical Care.
Outras fontes
1 - www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21946660
2 - www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25083984
3 - www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2875518/
Referências
Este post foi baseado no capitulo: What Problems Are Prevalent Among Survivors of Critical Illness and Which of Those Are Consequences of Critical Illness? escrito por Theodore J. Iwashyna. publicado no livro Evidence-Based Practice of Critical Care.
Outras fontes
1 - www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21946660
2 - www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25083984
3 - www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2875518/
Excelente matéria... Leva-nos a ter uma maior atenção e cuidado durante a assistência prestada aos pacientes críticos na terapia intensiva....
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