domingo, 13 de outubro de 2013

Como definir o tempo de antibiótico? Procalcitonina x Proteina C reativa (PCR): quem é superior em responder esta duvida.





           Depois de iniciar um curso de antibiótico decidir quando encerra-lo é muitas vezes uma pergunta difícil de responder com precisão. O tempo de manutenção de antibiótico é muitas vezes uma questão de grande relevância e difícil de ser respodida. Existem evidencias na literatura de que este tempo possa ser reduzido em várias situações clínicas, mesmo em infecções já confirmadas. O tempo mais curto de uso de antibióticos pode resultar em menor seleção de germes multirresistentes, e assim produzir assistência mais eficaz a pacientes graves.
Em um estudo de pesquisadores brasileiros, Oliveira et. al. (1), publicado na Critical Care Medicine deste mês, coloca questão em foco... (clique abaixo para continuar lendo)
            Estes pesquisadores desenharam um protocolo de interrupção da antibióticoterapia em pacientes sépticos baseada nos biomarcadores procalcitonina e proteína C reativa (PCR). O interessante deste estudo é que quando falamos de procalcitonina para auxiliar na decisão de interromper o uso de antibióticos, em geral, estamos tratando da capacidade deste biomarcador de reconhecer a presença de uma infecção bacteriana como causa de sepse. No presente estudo estes biomarcadores auxiliaram na decisão de interromper o curso de antibióticos em uma infecção definida, ou seja, no tempo de antibióticoterapia. O grupo procalcitonina seria considerado superior se fosse capaz de reduzir em pelo menos 25% o tempo de antibiótico em relação ao grupo PCR. O resultado: sem diferença entre os grupos. Também não houve diferença de mortalidade entre os grupos. A conclusão dos autores: PCR foi tão útil quanto procalcitonina na redução do uso de antibióticos em uma população de pacientes sépticos predominantemente clínica, não causando nenhum dano aparente.
            É importante destacar que entre os critérios de exclusão do estudo estavam listados: 1- infecção por Pseudomonas aeruginosa , Acinetobacter baumannii , espécies de Listeria , Mycobacterium tuberculosis, ou fungos , 2- bacteremia por Staphylococcus aureus, 3- infecções graves causadas por vírus ou parasitas ; 4- infecções que requeriam maior duração do tratamento (por exemplo, endocardite bacteriana); 5- infecções localizadas crônicas (por exemplo , osteomielite crônica); 6- pacientes imunodeprimidos; 8- politrauma, queimaduras ou cirurgia de grande porte nos últimos 5 dias; 9- pacientes com diagnóstico de neoplasias pulmonares, tumores carcinóides ou tumores medulares da tireóide. O artigo tem dois pontos entre os mais interessantes: 1 – o uso de curto período de antibióticoterapia e 2 – o uso de um protocolo (figura 1) baseado em um biomarcador amplamente disponível e de custo baixo para auxiliar na decisão de interromper o curso de antibióticos.
        Parabens aos pesquisadores brasileiros (Carolina F. Oliveira; Fernando A. Botoni; Clara R. A. Oliveira; Camila B. Silva; Helena A. Pereira; José C. Serufo; Vandack Nobre) por este excelente estudo.


Referências:

Um comentário:

  1. Ótimo estudo! Porém, diante de tantos critérios de exclusão, nos deparamos com o inconveniente viés na amostra.

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