# Enviado por Dr. Thiago Gomes Romano - Médico assitente da disciplina
de nefrologia FMABC, intensivista Hospital Sírio
Libanês, nefrologista rede Sancta
Magiori.
Agradecemos por dividir seus conhecimentos através do pacientegrave.com. #
O ajuste da
dosagem de antimicorbianos em diálise é assunto de extrema importância no
manuseio do paciente crítico. Este post faz uma revisão do assunto.
Quanto a
característica da droga pontos cruciais são sua biodisponibilidade (porcentagem
da droga que alcança a circulação sistêmica), volume de distribuição (cuja
natureza lipofílica ou hidrofílica da droga são os principais determinantes de
sua distribuição tecidual e plasmática),
taxa de ligação protéica da droga e tamanho molecular.
No que diz
respeito ao paciente, seu status
volêmico e a permeabilidade capilar são fatores importantes, sendo observado na
prática clínica que indivíduos grande queimados ou sépticos apresentam
dificuldade em manter níveis séricos terapêuticos de antimicrobianos.
Os principais
determinantes da “dialisância” de um fármaco em relação ao método de diálise
são o fluxo (dado pelo coeficiente de ultrafiltração ou Kuf) e a
biocompatibilidade (capacidade de ativação do sistema de complemento endógeno) da
membrana utilizada, o princípio físico utilizado (convectivo x difusivo –
hemofiltração x hemodiálise) e a dose da solução de reposição (no caso de
hemofiltração) ou dialisato (no caso de hemodiálise).
Em estudo
recente Roberts et al. demonstrou que em 25% das vezes deixamos de conseguir
níveis séricos adequados de antimicrobianos em indivíduos criticamente enfermos
submetidos a métodos contínuos de diálise(1), propondo que a administração
empírica talvez não seja a melhor abordagem.
Na mesma linha
de raciocínio Lorenzen et al. mostrou que os níveís séricos de ampicilina/sulbactam
decaem de maneira importante ao longo de uma terapia extendida utilizando-se de
uma membrana de alto fluxo(2), concluindo que doses
suplementares pós diálise ou adminsitração duas vezes ao dia seja mais eficaz
que dose única.
A queda dos
níveis séricos de antimicrobianos é particularmente importante para aquelas
drogas cuja eficácia depende do tempo em que permanece com seus níveis séricos
acima da concentração inibitória mínima (MIC).
Uma dúvida
pertinente é o ajuste inicial de dose de antimicrobiano em indivíduos sob
terapia renal susbtitutiva contínua, Trotman et al propôs, após revisão de
literatura que alguns antimicrobianos sejam ajustados baseado no método e na
dose de diálise empregrada(3), sendo assim um paciente
recebendo uma dose de 30ml/Kg/h deve ter sua dose inicial ajustada para um
clearance equivalente.
Na figura a
seguir segue a sugestão de ajuste de doses em tal revisão.
A mensagem
final é que existe evidências escassas sobre a farmacocinética de
antimicrobianos em indivíduos críticos submetidos a terapia renal substitutiva.
A melhor recomendação parece ser o ajuste de certos antimicorbianos baseado na
dose de diálise empregada nos métodos contínuos, quanto aos métodos
intermitentes ou híbridos atentar a necessidade de realização de dose extra de
certos antimicrobianos.
Neste binômio
ajuste de fármacos e terapia renal susbtitutiva ainda utilizamos pouco a
dosagem sérica de determinadas drogas, podendo essa conduta ser um saída para
evitar eventuais níveis terapêuticos subótimos.
Bibliografia
(1)
Roberts DM, Roberts JA, Roberts MS, Liu
X, Nair P, Cole L, et al. Variability of antibiotic concentrations in
critically ill patients receiving continuous renal replacement therapy: A
multicentre pharmacokinetic study*. Crit Care Med 2012 May;40(5):1523-8.
(2)
Lorenzen JM, Broll M, Kaever V, Burhenne
H, Hafer C, Clajus C, et al. Pharmacokinetics of ampicillin/sulbactam in
critically ill patients with acute kidney injury undergoing extended dialysis.
Clin J Am Soc Nephrol 2012 Mar;7(3):385-90.
(3) Trotman RL, Williamson JC, Shoemaker DM, Salzer WL. Antibiotic
dosing in critically ill adult patients receiving continuous renal replacement
therapy. Clin Infect Dis 2005 Oct 15;41(8):1159-66.
Gostei vc ter abordado esse assunto no blog, pois é algo que sempre gera dúvidas na prática diária. No caso da vanco, usamos a dosagem sérica para ajustar a dose, na UTI em que trabalho, porém, com outros antimicrobianos seguimos os ajustes recomendados em livros como o Sanford. No entanto, me parece meio empírico, e,dependendo da referência existem variações. Parabéns pelo blog e obrigado pelas referências.
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