Estimativas
demonstram que aproximadamente 230 milhões de pacientes são submetidos à
cirurgia por ano em todo mundo, com uma taxa de mortalidade que varia de 1 –
4%. Complicações e mortes são mais frequentes entre os pacientes de alto risco
cirúrgico os quais envolvem os indivíduos idosos, pacientes com múltiplas
comorbidades e/ou que serão submetidos às cirurgias de grande porte do trato
gastrointestinal e cirurgias vasculares. Já é aceito pela comunidade científica
que a implantação de protocolos que busquem otimizar débito cardíaco e oferta
tecidual de oxigênio através da infusão de fluidos e uso de drogas vasoativas
no período peroperatório tem impacto positivo na redução de morbidade(1)
e mortalidade pós operatória(2)...
Os
pacientes que obrigatoriamente necessitam do ato cirúrgico de grande porte
apresentam data e hora marcada para o inicio de uma resposta inflamatória
sistêmica exacerbada. A supraotimização hemodinâmica no período peroperatório
diminui os efeitos deletérios causados por esta inflamação. A intervenção
previne disfunções orgânicas, reduz o tempo de internação hospitalar e
proporciona ao organismo reserva metabólica suficiente ao insulto gerado pelo
ato operatório. Estudos demonstram que a supraotimização do paciente cirúrgico
é benéfica mesmo quando guiada por uma meta específica (débito cardíaco >
4,5 litros/min. ou oferta de oxigênio [DO2] > 600 ml/min/m2 usados de forma isolada). Além
disso, não importa o recurso utilizado para o alcance das metas, devem-se
explorar os dispositivos disponíveis em cada serviço. Dentre eles destacam-se o
cateter de artéria pulmonar, débito cardíaco por analise de contorno de onda de
pulso, termodiluição transpulmonar, ecocardiografia e técnicas que avaliam
responsividade à administração de fluidos (3).
O
momento da intervenção pode ser antes, durante, imediatamente após o ato cirúrgico
ou a combinação entre eles. É importante a individualização de cada caso tendo
como referência as comorbidades e características específicas de cada doente.
Esta personalização minimiza os potenciais efeitos colaterais da
supraotimização e evita condutas iatrogênicas (6).
A
terapia de supraotimização foi demonstrada como benéfica apenas nos grupos de pacientes cirúrgicos
de grande porte e alto risco cardiovascular, não sendo rotineiramente indicada nos demais
grupos populacionais que sofrem de hipoperfusão tecidual relacionados à
resposta inflamatória sistêmica. Não é sugerida extrapolação destes resultados e aplicação da supraotimização, com indução de hiperfluxo microcirculatório, para pacientes clínicos
portadores de sepse, pancreatite aguda grave, grandes queimados e politraumatizados (4,5).
Em nosso meio a carência de leitos de terapia intensiva e de recursos
para monitorização hemodinâmica, associados à descrença ou falta de
conhecimento por parte dos profissionais responsáveis pelos atos cirúrgicos de
grande porte, são fatores limitantes para disseminação e criação de protocolos
específicos de supraotimização perioperatória.
Referências:
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24842135
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20966436
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25392034
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7675044
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/7993504
- http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16356219
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