A ventilação não invasiva (VNI), muitas vezes
referida pelo nome comercial "BiPAP®," pode minimizar a necessidade
de intubação e reduzir a mortalidade em pacientes com exacerbações da DPOC ou
com edema pulmonar cardiogênico. Seus benefícios comprovados e o baixo risco de
complicações tornaram o uso de VNI uma rotina frequente nos pacientes com
insuficiência respiratória em muitos contextos. A VNI reduz o trabalho respiratório através do aumento do fluxo e massa de ar, o que pode justificar os seus benefícios especialmente pronunciados em
pacientes com insuficiência respiratória hipercápnica (alta pCO2,
com ou sem hipóxia significativa)...
Diante destes resultados e a crescente utilização nas
rotinas diárias, recentemente novos sistemas de fornecimento de alto fluxo de
oxigênio por cateter nasal surgiram como opção de dispositivos não invasivos na terapêutica da insuficiência respiratória (Optiflow®,
Vapotherm®). Estes sistemas podem proporcionar taxas de fluxo de 50
litros/minuto de oxigênio aquecido e humidificado a concentrações de até 100%.
Alguns estudos pilotos especularam sua utilização
como favorável a VNI tradicional nos casos de
insuficiência respiratória hipoxêmica. Recentemente, um estudo publicado no New England Journal of Medicine (1), os
autores randomizaram 310 pacientes com insuficiência respiratória hipoxêmica
aguda (PaO2:FiO2<300mmHg) em 23 UTIs na França e Bélgica, para receber ou
ventilação não invasiva, oxigênio com alto fluxo por cânula nasal (Optiflow®),
ou oxigênio por máscara facial (n~100 em cada grupo). O desfecho primário foi a
proporção de pacientes que necessitaram de intubação traqueal dentro de 28 dias
após a randomização.
A principal causa da hipoxemia foi pneumonia, em torno de 80-90%
dos pacientes incluídos. A maioria tinha níveis baixos ou normais de pCO2 no
momento da inclusão (todos tinham pCO2≤45mmHg).
Como resultados no desfecho principal, menos pacientes
recebendo oxigênio com alto fluxo por cânula nasal necessitaram de ventilação
mecânica em 28 dias, embora não significativo. Em uma análise de subgrupo, os
benefícios do oxigênio com alto fluxo por cânula nasal parece maior nos
pacientes mais hipoxêmicos (PaO2:FiO2 <200mmHg). (Figura 2)
Como desfechos secundários, no dia 90, aqueles que
recebem alto fluxo de oxigênio por cânula nasal apresentaram praticamente o
dobro de chances de sobreviver quando comparados àqueles que receberam máscara
de oxigênio ou ventilação não invasiva. (Figura 3)
Além disso, os pacientes do grupo com cânula nasal de
oxigênio em alto fluxo relataram maior conforto e menos dispneia quando
comparado com os outros grupos.
Em resumo, os benefícios da ventilação não invasiva
foram bem demonstrados em estudos prévios para pacientes com insuficiência
respiratória hipercápnica, principalmente exacerbações da DPOC e edema pulmonar de origem cardiogênica. Este estudo sugere que, em pacientes com
insuficiência respiratória hipoxêmica sem hipercapnia (como a pneumonia),
oxigênio com alto fluxo por cânula nasal pode ser superior, e deve ser considerado
como opção de tratamento. Que os novos estudos em andamento, tragam mais
informações e desfechos sobre tais dispositivos e, que comercialmente tornem-se
mais acessíveis para uso no nosso país.
Referências:
1) http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25981908
2) http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25479117
ja existem estudos desse mecanismo de fornecimento de oxigenio na ASMA , visto que poderá piorar a eliminação de CO2??
ResponderExcluir