Menos de um mês após a publicação do terceiro trial que não demonstrou superioridade na ressuscitação hemodinâmica guiada por metas (1-3), a Surviving Sepsis Campaign (SSC) se posicionou oficialmente com a revisão no bundle de 6 horas. As mudanças sugeridas focaram na não obrigatoriedade da utilização de cateter venoso central (CVC) para monitorizar a pressão venosa central (PVC) e a saturação venosa central (SvcO2) nos pacientes com choque séptico ou sepse grave com hiperlactatemia (>4mmol/L) que receberam precocemente antibiótico e volume (4).
O documento do comitê executivo da SSC revisado
contempla:
Nas primeiras três horas:
1. Dosar nível sérico de lactato;
2. Coletar culturas antes da administração
de antibióticos;
3. Administrar antibióticos de largo
espectro;
4. Administrar 30mL/Kg de cristalóide se
hipotensão ou hiperlactatemia ≥ 4mmol/L.
Nas primeiras
seis horas:
5. Iniciar vasopressores (para hipotensão
que não responde à ressuscitação volêmica inicial) para manter pressão arterial
média (PAM) ≥ 65mmHg
6. Na
persistência de hipotensão após ressuscitação volêmica inicial (PAM <
65mmHg) ou hiperlactatemia inicial ≥ 4mmol/L, reavaliar os status volêmico e a perfusão tecidual (tabela 1)
7. Nova
medida de lactato, caso a primeira esteja elevada.
Reavaliação
do status volêmico e perfusão
tecidual:
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Repetir a avaliação clínica dos pacientes (após
ressuscitação inicial) incluindo sinais vitais, enchimento capilar,
alterações perfusionais cutâneas.
Ou, dois dos seguintes:
- Medida de PVC;
- Medida de SvcO2;
- Ecocardiograma transtorácico à beira-leito;
- Avaliação dinâmica de responsividade à volume com
elevação passiva das pernas ou provas de volume.
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Importante ressaltar que
não houve mudanças no pacote de 3 horas. O comitê da SSC aponta ainda que não foi
demonstrado nenhum dano com o uso de CVC e que as evidências já publicadas
apontam para redução significativa de mortalidade usando o bundle original (5,6), porém, mesmo com algumas limitações dos três
recentes estudos, esta revisão apresentada dos bundles é mais apropriada neste momento.
Referências:
1.
ProCESS Investigators, Yealy DM, Kellum JA, Juang DT, et al. A randomized trial
of protocolbased care for early septic shock. N Engl J Med 2014;
370(18):1683-1693
2.
The ARISE Investigators and the ANZICS Clinical Trials Group. Goal-directed
resuscitation for patients with early septic shock. N Engl J Med 2014;
371:1496-1506
3.
ProMISe trial investigators. Mouncey PR, Osborn TM, Power GS, et al. Trial of
early, goaldirected resuscitation for septic shock. N Engl J Med 2015: DOI:
10.1056/NEJMoa1500896
5.
Dellinger RP, Levy MM, Rhodes A, et al. Surviving Sepsis Campaign:
International guidelines for management of severe sepsis and septic shock:
2012. Crit Care Med 2013; 41:580–637
6. Levy MM, Rhodes A,
Phillips GS, et al. Surviving Sepsis Campaign: association between performance
metrics and outcomes in a 7.5 –year study. Intensive Care Med 2014; 40: 1623-
1633
Acho que a saída será um guideline mais flexível, que era o que faltava no de 2012. Nem um quadro de metas a ser alcançado mas também não um campo em aberto para condutas particulares. Acredita que essa área tenha muito a ganhar nos próximos anos.
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