quinta-feira, 5 de abril de 2012

Adrenalina em PCR pré hospitalar: impacto na sobrevida

 
# Clube de revista postado pela Dra. Nathaly Nunes, residente de medicina intensiva da Unifesp #

     Um recente estudo avaliou os desfechos relacionados ao uso da adrenalina na parada cardíaca pré-hospitalar. A adrenalina pré hospitalar é amplamente usada na ressuscitação cardiopulmonar, porém a evidência em relação aos seus efeitos não é bem estabelecida, especialmente em relação a sobrevida e desfecho neurológico. Escassos estudos com qualidade avaliaram os efeitos consequentes ao uso de adrenalina nesse contexto.
    O racional do seu emprego está associado ao efeito vasoconstritor com maior taxa de retorno a circulação espontânea, provavelmente relacionado ao aumento do fluxo cerebral e coronariano. Entretanto, efeitos adverso deletérios podem ocorrer com seu emprego, como o aumento do consumo de oxigênio miocárdico e potenciais arritmias ventriculares. 
       Nesse estudo aproximadamente 420.000 pacientes foram incluídos, sendo coletados dados detalhados de toda RCP pré hospitalar e após um mês do evento. Os pacientes não foram randomizados quanto ao uso de adrenalina. Utilizou-se um escore de propensão (propensity score) buscando homogeneizar os grupos em relação as demais variáveis, permitindo que a principal diferença entre eles fosse a intervenção, no caso o uso de adrenalina. (Tabela 1 - Baseline) 
Tabela 1. Baseline      
       Os resultados principais demonstraram uma maior taxa de retorno da circulação espontânea (ROSC) com o uso da adrenalina, porém com uma taxa menor de sobrevida em 1 mês. Além disso, os pacientes que sobreviveram e utilizaram adrenalina apresentaram pior performance neurológica avaliada através de duas escalas funcionais: Cerebral performance category (CPC) e Overall performance category (OPC). (Tabela 2)
       
Tabela 2. Resultados 
      Entretanto esses resultados devem ser interpretados com cautela devido as diversas limitações do estudo. Além de não ter sido randomizado, não foram coletados os dados dos cuidados intra-hospitalares (p. ex.: hipotermia, uso de vasopressores, cineangiocoronariografia), e isso pode ter influenciado na sobrevida a longo prazo.
         Que venham novos estudos...

Referência:

1. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22436956


  

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