quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHEO) - Parte 1



### Este post foi escrito por Dra. Andreia Guarnieri ( Médica coordenadora da UTI do Hosp. Estadual Ipiranga - SP, médica plantonista da UTI materna do Hosp. Santa Joana - SP). Ficamos muito gratos por sua colaboração e vontade de dividir seus conhecimentos. ###

A Síndrome de Hiperestimulação Ovariana (SHEO) é uma complicação, considerada iatrogênica e potencialmente grave, resultante das técnicas de reprodução assistida e consequente a uma resposta exagerada dos ovários ás gonadotrofinas exógenas administradas. A fisiopatologia ainda é controversa, mas se considera como fatores importantes o crescimento excessivo ovariano, hiperfunção das células granulosas luteinizadas com alta liberação de estradiol e componentes do sistema renina-angiotensina na circulação sistêmica, levando consequentemente ao aumento da permeabilidade capilar com extravasamento de líquidos do espaço intravascular para o extravascular, gerando ascite, hemoconcentração e hipovolemia.
Fisiopatológia:
Evidências recentes mencionam a importância de vários mediadores inflamatórios no desencadeamento do processo, dentre eles, o vascular endothelial growth factor, tem sido considerado como um dos mais importantes.
A síndrome com maior frequência acomete mulheres jovens, magras e as portadoras da síndrome de ovários policísticos.
Classificação:                               
Classifica-se a síndrome em graus:
n   Grau 1- Distensão abdominal e desconforto
n   Grau 2 - Náuseas, vômitos, diarréia, ovários entre 5 a 12 cm ao USG
n   Grau 3 – São os achados do grau 2 + ascite vista ao USG
n   Grau 4 – São os achados do grau 3 + evidência clinica de ascite, hidrotórax ou comprometimento respiratório
n   Grau 5 – Todos os achados anteriores associados á hipovolêmia, anormalidades da coagulação, diminuição da perfusão e  filtração renal.

Incidência e consequencias:
A incidência é variável, de 20 a 25% nas formas leves (Grau 1 e 2), 0.005 a 7%  na moderada (Grau 3) e 0.008-10% nas graves. Os graus 4 e 5 são considerados graves e irremediavelmente há indicação de monitorização em terapia intensiva.
A síndrome é considerada potencialmente grave e de alta morbidade já que podem ocorrer diversas complicações: Fenômenos tromboembólicos (TEP, TVP), Infecções graves (incluindo peritonite), SARA,  Hemorragias intracranianas e AVC, Derrame pleural, Hidrotórax, EAP, Derrame pericárdico, Torção anexial , Insuficiência renal aguda, Distúrbios hidroeletrolíticos, Ascite volumosa e Síndrome compartimental abdominal, sendo esta ultima  uma das complicações mais temidas devido ás graves repercussões hemodinâmicas e disfunções orgânicas que acarreta, em muitos casos sendo necessário realizar paracentese de repetição e/ou culdocentese. 

Em breve na segunda perte deste post discutiremos o manejo dos casos de Sindrome de Hiperestimulação Ovariana.

Referências
- American Society for Reproductive Medicine. Ovarian  hyperstimulation syndrome. Fertil Steril. 2008; 90 (5 suppl):S188-93
- ASRM. Ovarian  hyperstimulation  syndrome. Fertil Steril. 90(5 suppl):188-93,2008
-  Golan A, Ron-el R, Hernan A, Soffer Y, Weinraub Z, Caspi E. Ovarian hyperstimulation syndrome: an update review. Obstet Gynecol Surv. 44(6):430-40, 1989
- Aboulghar M, Evers JH, Al-Inany H. Intravenous albumin for preventing severe ovarian hyperstimulation syndrome: a Cochrane  review. Hum Reprod. 2002; 17(12):3027-32

16 comentários:

  1. Eu sofri esta doença no seu pior grau. Devo dizier que nasci de novo!

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    1. e o que vc fez para melhorar?

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    2. EU TAMBÉM SOFRI NO PIOR GRAU. FURARAM MEU ABDOMEN PRA COLOCAR UMA CÂNULA E RETIRAR O LIQUIDO. ESSE PROCEDIMENTO SE REPETIU POR 4 VEZES. POR FIM, TIVERAM QUE COLOCAR UM MATERIAL VIA INTRAVAGINAL PRA ESTOURAR AS DIVERSAS BOLSAS DE LIQUIDO QUE HAVIA POR DENTRO. NÃO SEI COMO NÃO TIVE UMA INFECÇÃO HOSPITALAR, POIS PERDI TODAS AS DEFESAS DO MEU ORGANISMO. TIVE QUE TOMAR VARIAS BOLSAS ALBUMINA NA VEIA POR TER PERDIDO PROTEÍNAS. FORA O DERRAME PLEURAL, A FALTA DE AR E QUASE 1 MÊS NO HOSPITAL. NÃO RECOMENDO NINGUÉM FAZER O TRATAMENTO DE FERTILIZAÇÃO. DEPOIS QUE DESENVOLVE A SHEO, SÓ DEUS PRA FAZER A GENTE SE RECUPERAR, POIS A MEDICINA NÃO PODE FAZER NADA PRA REVERTER O CASO, A NÃO SER FICAR EM OBSERVAÇÃO.

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  2. estou com essa sindrome, não melhoro, já fazem mais de 20 dias que estou mal. o que Faço?

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  3. eu tive e fiquei muito mal com vomitos fraqueza inchaço na barriga é a coisa mais triste que ja podia ter passado se eu soubesse q era assim nunca teria feito a fiv achei que ia morrer nao me recoperei ainda tenho falta de ar nao posso caminhar dentro de casa q fico cançada querendo desmaiar

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  4. eu tbm acabei de passar por essa situaçao e estou me recuperando achei tbm que fosse morrer se nao fosse o meu grande deus na minha vida nao sei o que seria de mim......tive alta hjgraças a deus

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  5. Meninas tb passei por isso fique internada durente 31 dias( 11 na UTI, 13 NA SEMI e o restante no apt.) tive edema pulmar e fique com dreno nos dois pulmoes uns 22 dias, mas graça a DEUS tou aqui bem pra compartilhar com vcs e tem mais no final da internação descobriu que estava gravida foi o que agravou o quadro mais,(engravidei antes da transferencia), infelismente tive aborto.

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    1. Estou passando por esse drama, minha esposa está internada no HU em Jundiaí em estado gravíssimo, e hoje vai ser drenado o pulmão. se puder me dar seu contato para conversar eu agradeço, pois estou agoniado com a situação dela. jndsp@hotmail.com

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  6. Meu nome é Jaina e tive isso tb, fiquei na uti tb, sofri horrores, fiquei grávida , mas perdi com 2 meses, gostaria de saber se alguem tentou pela segunda vez, pois nao gostaria de desistir do meu sonho de ser mãe...me add no face JPNR JPNR...

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    1. olá, eu tbém desenvolvi a SHEO e nunca mais tive coragem de voltar à clinica. Até hoje tenho 10 embriôes congelados. Só que a boa notícia veio 18 meses após quando naturalmente me descobri grávida. Minha filha hoje vai fazer 3 anos. Se dependesse eu ter que voltar na clinica, acho que não teria minha filha. Não aconselho ningúem a submeter a fertilização. Quase morri. Acho que até hoje não me recuperei emocionalmente por ter passado por esta experiência.
      Pois a médica me alertou que quem desenvolveu SHEO, tem possibilidade de desenvolver novamente.

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  7. Minha esposa está na UTI a uma semana, com o Abdome inchadíssimo, as pernas e braços inchados, insuficiência respiratória, cardíaca renal e hepática, enfim, está nas mão de Deus

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  8. Estou passando por essa sindrome em um estágio mais leve, porque não foi feita a transferência de embrioes. Porem ja tive dias ruins, com dores, nauseas, abdomem muito alto. Fiquei apavorada. Agora me recuperando, para no outro ciclo fazer a transferencia.

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  9. ola, também estou passando por isso, tive a hiperestimulacao, antes do ovidrel, que tivemos que trocar pelo puregon, fiquei internada uma semana, minha barriga incharam muito, não tive líquidos, mas as dores insuportáveis, não fiz também a transferência, estão todos congelados, já faz mais de 20 dias , e melhoro derrepente começo de novo a vomitar, e muita fraqueza, desceu a mestruacao, domingo, em grande quantidade, com coágulos enormes!!!!!!1

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  10. Acabei de sair dessa síndrome. Tive o grau 4, fiquei 14 dias internada (8 na UTI), corri risco de morte. Tive ascite, derrame pleural e pra piorar tive pneumonia. Foi muito difícil, senti muita dor, só Deus mesmo pra dar força e trazer a cura. Os óvulos ficaram congelados, acredito que só farei a transferência daqui uns 3 meses. Agora é recuperar do susto.

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  11. Também tive a síndrome, meu medico achou melhor não transferir os embriões. Fizemos a transferência duas semanas depois, mas não deu certo. Agora após 4 meses , vou tentar a transferência novamente, estou mais confiante, procurei uma nutricionista, me matriculei no pilates, estou cuidando do meu corpo, pois quanto mais saudável estiver, maiores as chances.

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  12. Ja tive a sindrome, tive 32 ovulos e logo apareceram os sintomas. Fiquei com quase 4 litros de líquido na barriga. Os sintomas foram de falta de ar, dores terriveis abdominais. Não conseguia dormir. Fiquei internada 4 dias me tratando, mas não passou. Somente após 15 dias os sintomas foram desaparecendo sozinhos. Foi a pior dor que já senti, também achei que fosse morrer.

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