O BNP, peptídeo natriurético tipo-B (ou cerebral), é um dos tipos 05 de peptídeo natriurético. Estes peptídeos e seus receptores exercem função de controle do balanço hidroeletrolítico e osmótico. O BNP vem sendo crescentemente utilizado em pacientes ambulatoriais e mesmo nos prontos-cocorros para a confirmação diagnóstica de insuficiência cardíaca, entretanto, o uso do BNP em pacientes graves internados em UTI e com outras condições que levem a disfunção miocardica e estresse cardíaco podem minimizar seu valor. Pode-se utilizar a dosagem do BNP no diagnóstico diferencial de disfunção cardiaca originada por um quadro de insuficiência cardíaca ou por um quadro séptico ou síndrome de desconforto respiratório agudo (SDRA)? (para continuar lendo clique abaixo)
O pré-hormônio BNP é um peptídeo com 134 aminoacidos produzido nos miócitos ventriculares. Este pré-hormonio é clivado em um pró-hormônio de 108 aminoacidos e posteriormente este é clivado pela corina (uma endoprotease) em BNP e NT-proBNP. O BNP tem meia vida de 20 minutos e é clareado pela e o NT-proBNP, que é excretado pelos rins, tem meia vida de 60 a 120 minutos. É importante conhecer o método de dosagem do BNP pois alguns imunoensaios não são capazes de diferenciar BNP de NT-proBNP.
Em pacientes admitidos no departamento de emergência por dispneia, o nível sérico de BNP > 100 pg/ml tem sensibilidade de 90% e especificidade de 73% para o diagnóstico de ICC descompensada. O nível sérico de NT-proBNP > 500 pg/dl tem similar acurácia diagnóstica neste grupo de pacientes.
No paciente internado em UTI, com múltiplas patologias ou possibilidades diagnósticas, o BNP pode ser útil em diferenciar pacientes com e sem disfunção cardiovascular, porem é incapaz de identificar a causa atual da disfunção cardiovascular. Os peptídeos natriuréticos são apenas biomarcadores de estresse miocardico, assim, o BNP pode se elevar em situações como sepse, SDRA, hemorragia subaracnóide e insuficiência renal. Algumas terapias utilizadas também podem elevar o nível sérico do BNP, entre estas: ventilação mecânica (PEEP elevado e volume corrente), hemodialise e medicações ( inibidores da ECA, diuréticos, beta-bloqueadores). Além destes fatores o aumento a da idade e pacientes do sexo feminino têm BNP mais elevado. A tabela abaixo demonstra fatores que interferem nos nível de BNP.
Existem diversos estudos sobre o papel prognóstico do BNP em pacientes internados em UTI. Alguns destes apontam no sentido de que pacientes que apresentam normalização tardia dos níveis de BNP tenham mais reinternações na UTI e mais eventos cardiológicos. Estes estudos, entretanto, ainda não tem peso para gerar condutas especificas ou modificar o manejo dos pacientes internados em terapia intensiva.
Em uma revisão publicada por Christenson R., de título: "What is the value of B-type natriuretic peptide testing for diagnosis, prognosis or monitoring of critically ill adult patients in intensive care?" o autor conclui: "Currently, utilization of BNP and NT-proBNP does not appear to provide much useful information or have a substantial role in the care of critically ill patients in intensive care."
Compartilho desta opinião e você? Você usa BNP em sua UTI? Em que pacientes? Em quais situações?
Referências
www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22397488
www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20712913
www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/19957799
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