segunda-feira, 12 de março de 2012

Diagnóstico da infecção por Citomegalovírus


Citomegalovírus (CMV) é um vírus de cadeia dupla de DNA  e é um membro da família Herpesviridae (Herpesvírus simples, Varicella zoster) . A infecção por citomegalovírus raramente produz manifestações clínicas em adultos imunocompetentes (quando produz são frustas), entretanto em pacientes imunocomprometidos é capaz de produzir amplo espectro de manifestações, entre estas: úlceras gastrointestinais, pneumonia, retinite, hepatite e encefalite.
Neste post discutiremos os métodos diagnósticos para confirmar a infecção por CMV, bem como  suas limitações.

Sorologia: evidência indireta de infecção recente pelo CMV pode ser obtida por mudança dos títulos de anticorpos. Diferentes métodos podem ser utilizados para este a detecção de anticorpos: ELISA, radioimunoensaio, látex entre outros. O diagnóstico recente ou agudo é considerado provável, mas não definitivo, nas seguintes situações:
  • Detecção de anticorpos IgM CMV-especificos
  • Aumento nos títulos de anticorpos IgG de pelo menos 4 vezes em amostras pareadas colhidas com pelo menos 2 a 4 semanas de diferença.
Limitações: A detecção de anticorpos para CMV apresenta boa sensibilidade e especificidades. Anticorpos IgM são detectávei nas primeiras semanas de infecção, porem ficam detectáveis por vários meses. São necessárias amostras pareadas para o diagnóstico através da detecção de anticorpos IgG. Pacientes HIV, imunossuprimidos com sorologia positiva devem ser monitorados para retinite. Resultados falsos-positivos CMV IgM podem ser observados em pacientes com infecção por EBV ou HHV-6, bem como em pacientes com níveis aumentados de factor reumatóide.
Cultura: Usando fibroblasto humano pode-se obter crescimento do vírus em amostras de sangue, urina, liquor e secreção bronquica. Limitações: não são utilizadas de rotina pelo lento tempo de crescimento (até 6 semanas) e porque o crescimento do vírus em cultura pode representar apenas colonização e não infecção. A cultura pode ser usada para o diagnóstico de resistencia ao tratamento.
Detecção precoce do antígeno: após coleta de material (sangue, urina, líquor e secreção bronquica) este material é centrifugado e exposto a anticorpos monoclonais. O resultado deste teste pode ser obtido em 2 a 3 dias e se positivo representa replicação precoce de CMV nestas células.
Antigenemia para CMV: detecta proteínas de CMV em leucócitos do sangue periférico. Utiliza anticorpos especifico (antígeno PP65). Estas proteínas são tipicamente expressas apenas durante a replicação viral. O resultado pode ser obtido em 24 horas e se positivo é expresso como o número de células positivas pelo total de células contadas. Em pacientes imunossuprimidos (SIDA e receptores de transplantes de orgão sólido) antigenemia parece se correlacionar com viremia. Não pode ser utilizado no diagnóstico de CMV em pacientes leucopênicos. Em pacientes imunocompetentes a sensibilidade e especificidade foi descrita em um estudo em 90 e 96% respectivamente.
Amplificação molecular: são testes rápidos e confiáveis. Estão disponíveis: reação de cadeia de polimerase, teste de captura hibrida e amplificação baseada na sequência de ácido nucleico (NASBA).
Citopatologia: Inclusões intracelulares rodeadas por um halo claro podem ser demonstradas com diversas colorações (Giemsa, Wright, hematoxilina-eosina, Papanicolaou). Isto dá a aparência de um "olho de coruja" (fígura no inicio do post).

2 comentários:

  1. Qual seria o padrão-ouro?

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    1. Unir antigenemia p/CMV, CMV IgM, IgG e avidez IgG e interpretar.

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