terça-feira, 23 de agosto de 2011

Magnésio e HSA: A Jornada sem Fim



A HSA é uma doença catastrófica com mortalidade aproximada de 50%, que acomete especialmente pacientes jovens, causando muitas seqüelas e prejuízos. Grande parte destas seqüelas estão relacionadas a eventos isquêmicos secundários ao vasoespasmo. Várias estratégias são empregadas na tentativa de prevenir e evitar o infarto cerebral secundário.
Partindo de bases fisiológicas e de estudos observacionais, o magnésio, que atua como um antagonista do cálcio, bloqueando os canais L e N, diminuindo o dano mitocondrial e preservando o metabolismo celular, além de exercer um efeito vasodilatador e na deformidade das hemacias , surgiu como um potencial herói neste cenário. (1)


O estudo alemão prospectivo e randomizado, conduzido por Westermaier, demonstrou que a infusão controlada de magnésio comparada com placebo, com o objetivo de manter uma faixa entre 2,0 - 2,5 mmol/L durante 10 dias, foi capaz de reduzir o infarto cerebral tardio relacionado ao vasoespasmo (22% vs 50%  p. 0,002). Apesar deste resultado, este não se converteu em um desfecho clínico favorável quando os pacientes foram avaliados após 6 meses a intervenção. (Tabela 1) (1)

Tabela 1

O IMASH, multicêntrico, randomizado, realizado na Asia, que não demonstrou qualquer beneficio no uso de magnésio comparado com placebo quando avaliado sinais clínicos de vasoespasmo e status neurológico em 6 meses, confronta o resultado do estudo alemão, principalmente por incluir mais de um centro e maior número de pacientes. (2)

A analise post hoc do estudo IMASH demonstrou outro ponto de extrema importância: os pacientes que tiveram a maior concentração sérica de magnésio foram os que apresentaram o pior desempenho a longo prazo, quando comparados com os pacientes que mantiveram uma concentração menor. É interessante perceber que isto aconteceu tanto no grupo placebo, quanto no grupo que recebeu magnésio. (Tabela 2) (3)

Tabela 2
Por fim, uma meta-analise, que incluiu os estudos acima, não foi capaz de mostrar benefício no uso do magnésio para prevenção do vasoespasmo, quando avaliados o infarto cerebral e o desfecho neurológico em 6 meses. (Figuras 1 e 2) (4)

Figura 1
Figura 2
O papel do uso do magnésio na HSA parece estar longe de ser resolvido. Mais estudos serão necessários, antes que se possa transferir para a prática clínica seu uso rotineiro. No momento, talvez o mais adequado a ser feito é manter a faixa deste íon dentro dos valores de referência, visando primeiramente a segurança do paciente.

1. www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20228677
2. www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20378868
3. www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/20538692
4. www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21299874

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