sexta-feira, 29 de julho de 2011

Significado do gradiente venoarterial de CO2 nos estados de choque













O gradiente veno-arterial de CO2 muitas vezes é interpretado como um marcador de perfusão tecidual. Entretanto, a hipóxia tecidual não é o principal determinante dos gradientes de CO2. Já está bem estabelecido por estudos clínicos e experimentais que o CO2 tecidual não se eleva nos casos de hipóxia, desde que o fluxo sanguíneo local esteja preservado para “lavar” o CO2 resultante do metabolismo anaeróbio. Por outro lado, o fluxo sanguíneo baixo pode elevar os níveis locais de CO2 pelo fenômeno de estagnação, mesmo que não haja hipóxia tecidual (1, 2).

Os estados de baixo fluxo desempenham papel fundamental no aumento dos gradientes de CO2. Um gradiente aumentado sugere que o débito cardíaco é baixo ou o fluxo da microcirculação não é suficiente para lavar o CO2 produzido, mesmo na presença de débito cardíaco normal (2).
O gradiente de CO2 sistêmico é estabelecido pela coleta simultânea de sangue venoso misto (via distal do cateter de artéria pulmonar) e arterial. É esperado uma diferença de 2 a 5 mmHg. A substituição do sangue venoso misto pelo venoso central (colhido do cateter venoso central) é aceitável (3).
Assim, na presença de sinais clínicos e laboratoriais de má perfusão tecidual, um gradiente venoarterial de CO2 aumentado deve estimular o uso de intervenções que levem a aumento do débito cardíaco. Nos casos em que não há sinais de má perfusão, um gradiente aumentado significa que o fluxo sanguíneo não é suficiente para “lavar” o CO2 produzido, mesmo que o débito cardíaco esteja normal. Esta condição pode estar associada a aumento na demanda global de oxigênio e por sua vez aumento na produção de CO2. O uso de intervenções para aumentar o débito cardíaco pelo risco de hipóxia tecidua é controverso.
Já nas situações em que há sinais de má perfusão e o gradiente venoarterial de CO2 está normal, o uso de intervenções para aumentar o débito cardíaco pode não ser efetivo (1).
Uma excelente revisão sobre o tema, de livre acesso, pode ser obtida no link da referência de número 2.
Referências:
<!--[if !supportLists]-->1- <!--[endif]-->http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/11007564
<!--[if !supportLists]-->2- <!--[endif]-->http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16682934
<!--[if !supportLists]-->3- <!--[endif]-->http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15803301

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